Inicio do conteudo do site

 
Newsletter

Deixe seu e-mail para maiores informações. A nossa Newsletter é uma ótima maneira de se manter informado.

Simpósio na UFRJ reúne especialistas em Inclusão

Rio de Janeiro/RJ

Entre as mais interessantes atividades, destaque para o workshop realizado nos dias 13 e 14 do corrente, que no primeiro dia abordou o tema “A informática como recurso inclusivo nas escolas”.

Abrindo a seção, a moderadora Lêda Spelta, consultora da Acessibilidade Brasil, lembrou que o poder da web está na sua universalidade e que a acessibilidade é essencial. Ressaltou a importância do acesso à informação e a necessidade da ação coletiva na construção de uma Internet para todos.

Claudia Werneck, da Escola de Gente, afirmou que o direito de comunicação da pessoa deficiente vai além do direito à informação: “O direito à expressão é a forma mais pura do direito à liberdade”. Com o caso de um queimado que “quase não pedia analgésicos”, Cláudia exemplificou como muitos profissionais não estão preparados ou atentos às dificuldades de comunicação do portador de deficiência, nas mais diversas situações.

“Na realidade”, conta, “ele não podia falar, pois era surdo e estava com os braços imobilizados.” Claudia deixou à reflexão dos presentes uma indagação: “O que é se comunicar?” E observou que a seu ver, a inclusão social é menor que a inclusão - a expressão humana na face da Terra.

Guilherme Lira, da Acessibilidade Brasil, afirmou que o futuro das comunicações está na Internet, ressaltando que a comunicação interativa deverá englobar todas as mídias. Registrou a necessidade de acesso do todo social a esse recurso da tecnologia, especialmente o público alvo de medidas de acessibilidade: cerca de 24 milhões de pessoas portadoras de deficiência, segundo dados do último censo demográfico.

“Apesar de ser o 17º país em automação eletrônica”, observou Lira, “o Brasil só possui 9% de usuários na Internet. No caso do portador de deficiência, o aumento de utilização desse recurso pode ser ainda mais importante, pois permite providências rotineiras, como ir ao Banco, manter correspondência, fazer compras de alimentos e outros artigos, receber informações sobre política, esporte, lazer.”

A Acessibilidade Brasil, OSCIP criada e dirigida por Guilherme Lira, que participou da elaboração da Lei de Acessibilidade, considera que sua regulamentação é imprescindível para garantir o acesso do deficiente à rede.

Ana Maria Barbosa, da Rede Saci, registrou a importância de consideração à diversidade entre todas as pessoas, mesmo as não portadoras de deficiência. Lembrou que a Rede Saci tem como proposta a informação de boa qualidade, com a qual a pessoa deficiente possa se inteirar do que realmente precisa: “Queremos comunicar coisas importantes e fazer com que as pessoas também se comuniquem.” Entre as seções consideradas muito importantes, estão o clipping diário e os canais temáticos.

Marco Antônio de Queiroz, do site Bengala Legal, narrou a experiência de ter sido acometido, aos 21 anos, de uma cegueira por diabetes. Criou o site por sugestão de um estagiário que se impressionou com sua história (Marco Antonio também tem um duplo transplante). Para isso, dependeu de ajuda no início, mas depois de três anos resolveu aprender HTML. Ele não utiliza o mouse e usa teclas de atalho em todos os aplicativos, inclusive a Internet.

Ativista da acessibilidade, disponibiliza no “Bengala” o texto do livro autobiográfico “Sopro no corpo”, sobre as conseqüências crônicas da diabetes. Apesar da independência de que desfruta hoje, Queiroz ressaltou a dificuldade de adaptação à cegueira: “ “Muita gente pensa que ser cego é fechar o olho por um minuto, mas na verdade, a cegueira exige um aprendizado constante, dia a dia.”

No segundo dia, integrando a mesa sobre “A informática como recurso inclusivo nas escolas”, Guilherme Lira apresentou o projeto multimídia de sua criação Tradutor LIBRAS, que consiste numa simulação virtual da linguagem visual dos surdos, a LIBRAS. Está sendo desenvolvido e deverá ter uma de suas etapas concluídas em 2004. Algumas imagens do projeto, que poderá ter várias aplicações, especialmente em salas de aula e livros visuais, foram exibidas ao público, suscitando bastante interesse.

Fonte: SBIE/2003