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Adaptações ajudam deficientes a usar o computador

Glauco Matoso passou a escrever mais depois que ficou cego
O surgimento de programas e de dispositivos adaptados tem aproximado os deficientes físicos dos computadores. Parte deles sente-se mais integrada à sociedade graças ao uso dessas ferramentas especiais, que facilitam o trabalho e o uso da internet.

Cego há dez anos, o escritor Glauco Mattoso diz que produziu mais na última década do que quando enxergava. Calcula que tenha escrito cerca de 20 obras com o auxílio de softwares especiais, como o Dosvox, criado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.“Por não ser cego de nascença, nunca consegui me adaptar ao braile. Trabalho com um teclado normal e o programa lê o que estou digitando”, explica Mattoso. Um software similar, o Cartavox, configurado no servidor de e-mails, encarrega-se da leitura das mensagens eletrônicas. “Tenho autonomia. Posso usar o e-mail ou pegar um número de telefone na minha agenda digital sem precisar de ajuda”, diz Mattoso.

Navegar pela internet, porém, já é algo mais complicado - e caro. Enquanto os programas da UFRJ são baixados gratuitamente, o software Jaws, que lê as informações exibidas nas telas da rede, custa R$ 4.900.

Esse é um dos programas adaptados para o português pela Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual Laramara, que também comercializa softwares como o OpenBook -que digitaliza, faz leituras de livros e gravações em CD-, e o Talks, que lê as telas de celulares.
“Temos um catálogo com cerca de 300 produtos que visam fornecer autonomia, informação e inclusão profissional para deficientes visuais”, diz o técnico em tecnologia assistida Alberto Pereira. “Hoje, um cego pode participar de chats, usar programas de mensagens instantâneas, ler jornais e baixar arquivos”, diz Pereira.

Opções de games também não faltam. Por todo o mundo, desenvolvedores de jogos têm criado versões baseadas em sons para serem jogadas por cegos. De acordo com reportagem publicada no site da revista “”Wired“, são vendidas 3.000 delas por ano. A pioneira foi Shades of Doom, uma adaptação de Doom, o jogo de atirador em primeira pessoa, lançada em 1998. Desenvolvedores como All in Play, Audiogames, Accessible Game Developers e Blindsoftware.com criam recursos para dar emoção às disputas.

No game Drive, a música é acelerada na mesma proporção em que o jogador acelera o carro. No jogo Galaxica, o som estéreo ajuda o jogador a descobrir onde estão os alienígenas nos quais precisa atirar. Na Associação de Assistência à Criança Deficiente as adaptações são feitas sob medida, conforme as habilidades e dificuldades de cada um. ”Podemos fazer adaptações que envolvam o corpo do paciente, os equipamentos ou os softwares", explica a terapeuta ocupacional Renata Varela, que citou como exemplos mouses especiais e teclados virtuais que independem do movimento dos braços.

No mês de março, foi anunciado no Reino Unido o lançamento de um mouse antitremor para portadores do mal de Parkinson e de tremores essenciais -manifestados com freqüência elevada. Desenvolvido pelo pesquisador da IBM, Jim Levine, o mouse consegue distinguir os movimentos voluntários daqueles causados pelos tremores. Segundo a IBM, o aparelho passará a ser produzido em breve e custará cerca de R$ 240 (veja o site). De acordo com a Fundação Nacional de Tremor do Reino Unido, 3 milhões de britânicos sofrem de algum tipo de tremor.

Fonte: Folha de São Paulo