Conceito de autismo levanta opiniões divergentes
Uma nova corrente, a neurodiversidade, considera que os problemas de comunicação, o comprometimento da sociabilidade e as alterações comportamentais – as três principais bases para a identificação do autismo - não constituem um problema, mas um modo diferente de pensar, tão válido quanto qualquer outro.
Desta forma, a mensagem divulgada por diversos grupos no mundo todo, entre eles o brasileiro Movimento Orgulho Autista, costuma ser a mesma: “o autismo é uma diferença, não uma doença”.
Ativistas mais radicais vão além: defendem que remédios e terapias alteram a subjetividade única do autista, e criticam o que consideram uma prescrição excessiva de drogas para controlar o comportamento.
Há quem não concorde inteiramente com essa visão. O psiquiatra Marcos Tomanik Mercadante, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie e da Universidade Federal de São Paulo – Unifesp, afirma que as características pessoais passam a ser consideradas doença quando levam a uma dificuldade de adaptação.
Ele explica: “Parte do conceito da neurodiversidade é correta. Os autistas têm um cérebro diferente, e isso não é, necessariamente, uma patologia. Mas a maioria deles não consegue conduzir a própria vida. É um modo de ser no mundo; mas, neste mundo, um modo desfavorável”.
Marisa Silva, presidente da Associação Brasileira de Autismo, adverte que o risco da visão anticura é desestimular a realização dos tratamentos que podem melhorar a qualidade de vida dos autistas.
Fonte: Folha Equilíbrio - 27/07/2006